Agora que já tenho o link permanente para a minha tese de doutorado, aproveito o blog para fazer a divulgação dos resultados. A pesquisa pretende contribuir com a difusão de um novo instrumental de projeto voltado para a arquitetura residencial coletiva, com vistas à qualidade e à satisfação do usuário nos edifícios de habitação coletiva. A flexibilidade foi o conceito dissecado conforme um diversificado instrumental, que serve tanto para novos projetos, como para a requalificação de edifícios preexistentes. Os princípios de cada instrumento partem de um amplo levantamento de projetos e obras, cujas inovações evidenciam parâmetros que estimulam novas maneiras de uso da habitação e concepção do espaço doméstico conforme os conceitos de flexibilidade programada ou evolutiva. Os tipos de Flexibilidade propostos - ampliação; refuncionalização; flexibilidade organizacional; cômodo autônomo; adaptabilidade; associação; modulação; fachadas flexíveis - atuam, tanto na transformação do espaço interno da unidade, como extravasam a esfera de domínio privado para interferir de maneira axiomática, na paisagem urbana, ao modificar a configuração exterior da obra e estimular a capacidade de recomposição do próprio entorno. As estratégias supramencionadas traduzem-se em procedimentos para projetos de habitações flexíveis em arquitetura residencial multifamiliar, constituindo-se como o produto mais relevante de toda a pesquisa.
Link para o conteúdo da Tese na íntegra:
Resumo
A arquitetura
residencial coletiva, representada pelos edifícios multifamiliares voltados
para as massas que habitam as áreas urbanas, é o maior protagonista da
arquitetura cotidiana, desde o início do século XX, período que desenvolveu,
propagou e consolidou o repertório formal, normativo e estético dessa célebre
tipologia. As motivações que impulsionaram o desenvolvimento dessa nova forma
de moradia coincidiram com uma enorme carência social e com a emergência por
alojamentos, fato que assolou grande parte da população migrante que chegava às
cidades, somadas às consequências das Grandes Guerras na Europa. A esses
indivíduos, desorientados, restaram absorver as imposições da habitação
coletiva - rígida, padronizada e uniforme – oferecida, muitas vezes, sob a
égide do estado socialista, preocupado prioritariamente com aspectos
quantitativos, dimensionais e higiênicos. Essa conjuntura moderna é escrutinada
ao início do trabalho, bem como o papel da escola Vkutemas e do taylorismo como
agentes de transformação da arte, da cultura e da sociedade do século XX.
Apesar das
incontestáveis contribuições à racionalização e à ciência da edificação, após
um século, acredita-se que as mesmas regras, essencialmente modernas e
universalizantes, ainda dominem a produção imobiliária atual: repetição
idêntica de apartamentos tipo, preceitos funcionalistas, exigências mínimas
relativas à habitabilidade, normas dimensionais padronizadas. Esses critérios,
álibis perfeitos para uma arquitetura direcionada a usuários desconhecidos,
disseminam, ainda hoje, modelos de caráter universal, reforçados por
estratégias mercadológicas que homogeneízam o comportamento e pouco favorecem o
uso diversificado do espaço da habitação, condição indispensável ao sujeito contemporâneo,
ao estilo de vida plural das novas estruturas familiares, às rápidas
transformações sociais, tecnológicas e culturais do mundo contemporâneo.
Com o propósito de
devolver ao morador tipificado um espaço doméstico de manifestação espontânea,
imprevisível e natural, adequado às novas formas de vida, o trabalho investiga,
ao longo do século XX, mecanismos de flexibilidade arquitetônica capazes de
promover a adaptabilidade, a transformação e a particularização do espaço
residencial, preceitos indispensáveis à satisfação do usuário e às diferentes
necessidades ao longo do seu ciclo familiar. A sistematização de um amplo
instrumental de flexibilidade é o produto primordial deste trabalho, capaz de
nortear a concepção de novo projetos e a adequação de estruturas preexistentes,
no intuito de promover, a partir da modificação de usos e da redefinição
programática, novas respostas para o bem-estar físico e emocional dos usuários.
Estratégias de flexibilidade identificadas |
Estratégias de Ampliação |
Fachadas flexíveis |
Estratégias de associação de unidades residenciais ou compartimentos |